Introdução
A escola é, por definição, um espaço de acolhimento, aprendizado e desenvolvimento. No entanto, para muitas crianças canhotas, esse ambiente pode se tornar um lugar de desconforto e frustração — não por sua habilidade ou desempenho, mas pela falta de preparo dos educadores em lidar com suas necessidades específicas.
Ser canhoto não é uma deficiência, mas sim uma variação natural da lateralidade humana. Ainda assim, o desconhecimento sobre o tema perpetua práticas que dificultam o aprendizado e a autoestima dessas crianças.
📚 O que significa ser canhoto?
Ser canhoto é usar preferencialmente a mão esquerda para realizar tarefas como escrever, desenhar, cortar ou manipular objetos. Estima-se que cerca de 10% da população mundial seja canhota. Apesar de ser uma característica comum, o mundo — e especialmente o ambiente escolar — ainda é majoritariamente projetado para destros.
🚫 Barreiras enfrentadas por crianças canhotas
- Materiais inadequados: Tesouras, carteiras escolares com apoio lateral, cadernos espiralados e até a posição da luz na sala podem dificultar o uso da mão esquerda.
- Correções indevidas: Muitos educadores, por desconhecimento, tentam “corrigir” a lateralidade da criança, sugerindo que ela use a mão direita.
- Falta de orientação pedagógica: Professores raramente recebem formação sobre como adaptar atividades para crianças canhotas, o que pode gerar frustração e baixo rendimento.
- Estigmas e comentários: Frases como “você está fazendo do jeito errado” ou “isso está estranho” reforçam a ideia de inadequação.
🎓 O papel do educador
O educador é peça-chave na construção da autoestima e do desenvolvimento cognitivo da criança. Quando ele está preparado para lidar com a diversidade — incluindo a lateralidade — o ambiente escolar se torna mais inclusivo e acolhedor. Isso inclui:
- Observar e respeitar a preferência manual da criança desde os primeiros anos.
- Adaptar atividades e materiais para facilitar o uso da mão esquerda.
- Evitar comparações com crianças destras.
- Promover um ambiente livre de estigmas e julgamentos.
📉 Por que ainda há despreparo?
- Falta de formação específica: Cursos de licenciatura raramente abordam a lateralidade como tema pedagógico.
- Ausência de políticas públicas: Não há diretrizes claras sobre como lidar com crianças canhotas na maioria dos sistemas educacionais.
- Cultura enraizada: Por séculos, ser canhoto foi visto como algo negativo ou “errado”, e esses preconceitos ainda persistem em práticas sutis.
💡 Caminhos para a mudança
- Formação continuada: Incluir o tema da lateralidade em cursos, palestras e treinamentos para professores.
- Adaptação de materiais: Escolas podem investir em carteiras ambidestras, tesouras para canhotos e posicionamento adequado de luz e objetos.
- Campanhas de conscientização: Sensibilizar a comunidade escolar sobre os desafios enfrentados por crianças canhotas.
- Escuta ativa: Dar espaço para que as crianças expressem suas dificuldades e preferências.
Conclusão
O despreparo dos educadores para lidar com crianças canhotas não é fruto de má vontade, mas de uma lacuna histórica na formação e na cultura escolar.
Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para transformá-la. Com informação, empatia e pequenas adaptações, é possível garantir que todas as crianças — sejam destras ou canhotas — tenham acesso a uma educação justa, acolhedora e eficaz.
Saiba mais
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