Desvendando o Preconceito Contra a Canhotice

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A canhotice, uma característica biológica estável em cerca de 10% da população há milênios, tem sido alvo de discriminação e percepções negativas ao longo da história. Essa estigmatização é predominantemente sociocultural, não biológica.

Linguisticamente, palavras como o latim “sinister” (esquerda, perverso) , o francês “gauche” (esquerda, desajeitado) e o inglês antigo “lyft” (fraco, tolo) codificaram associações negativas, enquanto “direita” significava “correto” ou “bom”.

Civilizações antigas já demonstravam preconceito: na Mesopotâmia, era vista como castigo divino; no Egito, inimigos eram retratados como canhotos; na Grécia, Pitágoras associava a esquerda ao mal e à escuridão, e o mito da castração de Urano ligava a canhotice ao mau presságio. Em Roma, embora houvesse exceções, a mão direita era geralmente preferida para saudações e afastar o mal.

Doutrinas religiosas reforçaram o estigma. No Cristianismo, a Bíblia tem mais de 100 referências positivas à “direita” e negativas à “esquerda”, associando-a ao julgamento.

No Islã, a mão esquerda é considerada impura para higiene pessoal. O Judaísmo medieval via a canhotice como imperfeição. Contudo, o Budismo Tântrico a via como sabedoria e culturas Andinas, como um sinal de habilidades espirituais.

Na Europa medieval, a canhotice foi ligada ao diabo, fraqueza e bruxaria, levando à perseguição e execução de muitos durante a Inquisição. Fazer o sinal da cruz com a mão esquerda era heresia.

Nos séculos recentes, a discriminação evoluiu para conformidade forçada, especialmente na educação, com crianças tendo as mãos amarradas ou sendo punidas por usar a esquerda.

A Revolução Industrial desfavoreceu canhotos devido a ferramentas projetadas para destros. Tabus culturais persistem, como o uso da mão esquerda para comer em algumas sociedades.

Apesar disso, houve uma mudança de paradigma da superstição para a compreensão científica, vendo a canhotice como uma especificidade neurológica. Isso levou a maior aceitação, especialmente no Ocidente, e à celebração do Dia Internacional dos Canhotos.

No entanto, desafios práticos persistem, como ferramentas e infraestrutura projetadas para destros, e preconceitos culturais sutis. Apesar das dificuldades, canhotos demonstram vantagens em esportes, música e matemática.

A história da canhotice é um lembrete da importância de abraçar a neurodiversidade e as variações humanas.

 

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